7 perguntas
sobre textos memorizados na alfabetização
Respostas às dúvidas mais comuns sobre como e por que usar textos que as
crianças sabem de cor no ensino da leitura e da escrita.
Interpretações equivocadas sobre o uso de
parlendas, cantigas de roda e outros textos que as crianças sabem de cor na
alfabetização ainda são comuns. Para responder às sete dúvidas mais frequentes
sobre o assunto, NOVA ESCOLA consultou a bibliografia disponível sobre o tema e
a especialista em alfabetização Telma Weisz.
1 Por que propor atividades de leitura e de escrita?
"Elas mobilizam saberes distintos e
consequentemente ensinam coisas diferentes", explica Telma. Para ler
textos que sabem de cor, as crianças têm de fazer a correspondência entre as
partes do texto que já sabem com os trechos escritos, descobrindo a relação
entre fonema e grafia, conhecendo letras novas e como se dá a segmentação das
frases em pedaços menores e independentes, as palavras (leia a sequência didática). Já na situação de
escrita, precisam colocar em cena o nível do conhecimento do sistema alfabético
e o que já sabem a respeito da escrita convencional. Com baese em tudo isso,
fica claro que ambas devem ser realizadas em sala e que uma não é pré-requisito
para outra.
2 Quais textos memorizados devo usar para alfabetizar?
Qualquer cantiga de roda, parlenda ou
adivinha que os alunos apreciem. O importante é que todos eles saibam o
conteúdo de cor e mentalmente. O que define a complexidade da atividade são as
particularidades do material e as interações do educador, responsável por criar
boas situações de aprendizagem.
3 É interessante propor que escrevam em quartetos?
Não. O processo de interação entre as
crianças é muito importante e, quando se trabalha com muita gente reunida, ele
não é satisfatório. Escrever a oito mãos é difícil até para os adultos. É
melhor organizar duplas, levando em conta as hipóteses de escrita
(pré-silábica, silábica, silábico-alfabética e alfabética) para que o trabalho
seja realmente produtivo.
4 Na leitura, o que precisa ser problematizado?
Encontrar partes da totalidade ou do verso
levando em conta o que os alunos já sabem. Não se trata de caça-palavras, mas
de uma situação que faz o grupo enfrentar desafios a respeito da relação entre
parte e todo. Por exemplo, perguntar onde está escrito domingo em "Hoje é
domingo,/ pede cachimbo". Para responder, as crianças têm de fazer
corresponder o falado com cada pedaço escrito. Quer dizer, precisam localizar o
verso e depois o que foi perguntado. Têm de pensar como dividir o que falam
para que encontrem a palavra no exato lugar em que ela está.
5 E na de escrita? Quais são os desafios?
As crianças, para escrever, precisam pensar
quais e quantas letras usar e em que ordem colocá-las. Em fase de
alfabetização, não é óbvio que tudo o que se fala possa ser escrito na ordem em
que é dito. Outros pontos interessantes para explorar com eles são a escrita de
artigos, monossílabos e palavras curtas, já que isso vai contra a ideia que os
alunos têm que para escrever são necessárias no mínimo três letras.
6 A lista de nomes da turma pode servir de apoio?
Para atividades que tenham como foco a
leitura, não. "Lê-se para escrever, mas não para ler", diz Telma.
Para localizar fragmentos do texto, os alunos precisam pensar em como vão
partir do falado para tal, o que vão considerar como um pedaço para achar todos
os pedaços. Não é necessário buscar pistas fora do material: o problema é
descobrir onde está escrito, não o que está escrito. Para desafios que envolvem
a escrita, sim: pesquisar em fontes externas o jeito certo de escrever o
fragmento que se quer é útil. Para escrever "cachorrinho está
latindo", se as crianças recorrem à lista de nomes e encontram Camila e
Karina, o professor tem uma situação para discutir.
É válido o grupo ditar para o professor escrever?
Sim, desde que ele atue como se só soubesse
as letras, ou seja, não deve agir como um escriba. Tem de ser simplesmente a
mão que escreve o que os estudantes ditam, incluindo aí os espaços entre as
palavras. Porém é importante observar que, se existirem alunos alfabéticos na
sala, a atividade não funcionará. Facilmente eles darão conta do desafio
sozinhos, ditando letras ao educador que os demais nem conhecem ainda.
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